c o l u n á v e i s

Quem vê anel de pureza não vê coração.

A coluna O2, publicada na FSP de hoje, está ótima.Vale a pena ler aqui.

Do começo ao fim

Enquanto isso, na Califórnia...

Faz meses que não escrevo no blog. Os dias andam duros e o tempo mais que nunca escasso. Mas não resisti a postar esse vídeo, produzido por grupos que lutam, nos EUA, pela não anulação dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo realizados na Califórnia.
Em tempos de estréia de Milk no cinema (sexta, dia 20, aqui em Goiânia), é bonito ver como as pessoas são fortes para reivindicar o seu direito de fazerem escolhas livres.

Obama. Ele é o cara.

Apenas para adultos

Este é o trailler de uma aguardada produção pornô-gay-macho: To the last man. As cenas são violentíssimas, o filme está orçado em 200 mil dólares (uma fortuna para os padrões do pornô) e a estética do homosex casa-se como luva com a de uma masculinidade hegemônica cruel. Novos tempos e cenários no mundo de um sexo sem amor. Em tempo, sexo sem amor pode ser muitíssimo bom, enquanto amor com sexo nem sempre produz boas rimas.

deliciosa descoberta: Fujiya & Miyagi

just one

Este é Matthew Mitcham, único homem abertamente gay a competir nas Olimpíadas de Pequim. Ganhou medalha de ouro no salto de plataforma 10 m e selo comemorativo da façanha impresso pelo governo australiano. Quase sempre o silêncio é de prata. Neste e em muitos casos, a palavra vale ouro.

happy end

A hora e a vez dos heteroflexíveis!

CELULAR RSS - O Portal de Notícias da Globo - 28/09/08 - 10h01 - Atualizado em 28/09/08 - 12h10
Heteroflexíveis formam a nova tribo das baladas de São Paulo
Jovens encaram com naturalidade beijar pessoas do mesmo sexo.
Avessos a rótulos, heteroflexíveis gostam mesmo é de experimentar.
Claudia Silveira Do G1, em São Paulo
A estudante Mafalda Maya se considera uma heteroflexível, mas dispensa rótulos
Uma nova tribo jovem já pode ser identificada nas baladas e nos bares de São Paulo: são os heteroflexíveis, meninos e meninas que beijam pessoas do mesmo sexo para experimentar, fazer uma brincadeira ou mostrar certo ar de modernidade.
Segundo a psicoterapeuta e sexóloga Mara Pusch, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), esse grupo é geralmente formado por adolescentes e jovens, na faixa dos 20 e poucos anos. Eles não se vestem de forma igual - como os emos - nem andam em grupo. Os heteroflexíveis gostam mesmo é de beijar e de tocar gente do mesmo sexo para testar sensações e ver como é.
"Tem a ver com a curiosidade típica dessa faixa etária", diz Mara. Segundo a sexóloga, não é que agora todo mundo tenha começado a beijar todo mundo do mesmo sexo. Esses beijos só estão mais explícitos. "Hoje em dia, há mais liberdade. A sociedade aceita muito mais esse comportamento" , analisa a psicoterapeuta.
Apesar da experiência homossexual, do contato físico com uma pessoa do mesmo sexo, o heteroflexível não acredita ser gay, esclarece Mara, pois ele está apenas experimentando, e não vivendo intensamente uma relação homossexual. Só depois de provar e descobrir que gosta de pessoas do mesmo sexo, diz a sexóloga, é que é possível se sentir gay ou bissexual.

Agora temos um Presidente!

"Eu a vida inteira defendi o direito à união civil. Acho que nós temos de parar com hipocrisia, porque a gente sabe que existe. Tem homem morando com homem, mulher morando com mulher e muitas vezes vivem bem, de forma extraordinária" (Presidente Lula).Para saber mais, clique aqui.

a(o)s interessad@s

Já saiu o edital para o processo seletivo 2009 do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM), da Universidade Federal da Bahia, com as seguintes linhas de pesquisa: Gênero, Identidade e Cultura; Gênero, Saúde e Trabalho; Gênero, Poder e Políticas Públicas. Informações: http://www.neim.ufba.br ou ppgneim@ufba.br

Motivos do coração

gênero em foco

"CNPq abriu (5/9) edital de R$ 5 milhões para pesquisas científicas na área de gênero
Propostas devem ser enviadas até 20 de outubro. Projetos podem enfocar questões do campo e da floresta e temáticas que formatam o II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Foi aberto hoje à tarde (5/9) o edital CNPq de apoio a projetos de pesquisa no campo dos estudos de gênero, mulheres e feminismo. São destinados R$ 5 milhões, o que corresponde ao crescimento de 416% dos recursos do governo federal em relação ao último edital. As propostas devem ser enviadas até 20 de outubro.Os recursos foram destacados pela SPM, Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério do Desenvolvimento Agrário, este destinou R$ 1 milhão para contemplar exclusivamente projetos focados na temática campo e floresta. Os demais projetos devem focar nas temáticas que formatam o II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres". Confira Edital:

Harvey Milk - o trailer - que venha logo o filme

fever

A mentora virá ao Brasil. Goiânia literalmente ferve. Liguem os ventiladores e sintam.

itty bitty titty committee

Assisti no sábado, como parte do Festival de Cinema Lésbica, que esta passando no Cine Goiânia Ouro. Delicioso e vitalizante!
ITTY BITTY TITTY COMMITTEE - EUA, 2007, 87 min. - Este filme aborda os temas do feminismo e lesbianidade no contexto do ativismo cívico e radical. A variedade de personagens nucleares é interessante – a lésbica da ‘velha guarda’, lésbicas ‘riot’, a ativista ‘novata’, a bissexual controladora, transexuais pré e non-op, a família regular. A mensagem central que o filme quer transmitir é: abaixo a preponderância do ícone masculino.

voltando ao mundo

Estou em Florianópolis. O Fazendo Gênero 8 ferve. Encontros com amigos queridos, muita gente nova e interessante no cenário. Dias intensos de domingo a sexta. As horas têm sido poucas. É bom voltar a dar sinal de vida, depois de pouco mais de duas semanas silenciosas no blog.

NEKKA

Ela é nigeriana-alemã, antropóloga e se chama Nekka. Para saber mais, leia a FSP de hoje.

saudades de Nádia, em tempos de Pequim

Sakamoto e Furyo

Depois de muito tempo, voltei a ouvir Ryuichi Sakamoto. De imediato reconectei-me com um filme inesquecível, Merry Christmas, Mr. Lawrence (exibido no Brasil como Furyo - em nome da honra), cuja trilha sonora foi feita por ele. Neste filme há várias cenas antológicas e uma delas é a de um beijo, dado pelo personagem de David Bowie em um soldado inimigo. A tensão sexual num mundo basicamente masculino é algo que percorre o filme inteiro e tem nesta cena um de seus momentos máximos. No vídeo abaixo reproduzido, o beijo aparece após 3:20 minutos de exibição.

a força que as coisas têm

Clique em cima, que a imagem fica maior e mais nítida!

em toda parte

Saiu na Folha de São Paulo de hoje. O título da matéria é "Índios gays são alvo de preconceito no AM". E pensar que já se tentou transformar em "verdade" que a homossexualidade existiria apenas entre brancos, quando se sabe que é uma característica da espécie encontrada em praticamente todos os agrupamentos humanos. Claro que não estou aqui falando de "homossexualidade", no sentido psicológico ou político atuais, mas do desejo, da atração, da irresistível vontade de estar afetiva e sexualmente próximo de outra pessoa de seu próprio sexo. A contra-face da moeda, por outro lado, também é verdadeira: a intolerância à diferença se faz presente em todas as sociedades humanas. Claro que aqui "diferença" é muito mais que homossexualidade.

Why so serious?

Saiu na FSP do dia 23. Não acho que o forte do Coringa seja a possibilidade de ser gay, mas a idéia de que sua obsessão pela revelação da identidade do Batman é uma metáfora de saída do armário é muito boa.
"Coringa gay – Sérgio Ripardo, Editor de Ilustrada da Folha Online
Em "Batman - O Cavaleiro das Trevas", o Coringa se traveste de enfermeira e barbariza em um hospital, uma seqüência tão hipnotizante quanto a de Elle Driver, a enfermeira caolha e assassina criada pela atriz Daryl Hanna, em "Kill Bill" (2003), de Quentin Tarantino.
Nesse momento do filme de Christopher Nolan, o Coringa do ator Heath Ledger surta e detona a catarse, como se a violência e o terror fossem as respostas mais imediatas ao bom-mocismo fajuto, ao heroísmo oportunista e a todos os truques que sustentam um sistema corrupto, excludente e repressor.
Na pele do Coringa, ator Heath Ledger vira enfermeira malvada no novo filme do Batman
E os gays com isso? Desde o papel do caubói gay Ennis Del Mar em "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005), Heath Ledger virou ídolo do público. O ator passou a ser ainda mais endeusado após a overdose acidental com remédios em janeiro.
No filme, o Coringa se vitimiza contando versões para suas cicatrizes no rosto. A história da violência paterna, em uma família disfuncional, é usada como justificativa para sua fúria, desesperança e ação suicida de destruir tudo a sua volta.
O Coringa vive no gueto, na marginalidade, não tem amigos nem amantes. Ele odeia o mundo e se move pela obsessão por Batman. Sua razão de viver é desmascarar a identidade do herói, que sempre evita matá-lo. Se fosse um filme de Ang Lee, finalmente, Batman sairia do armário e, na falta de um Robin, exploraria melhor os desejos homoeróticos com o Coringa.
O ideal teria sido escalar Jake Gyllenhaal, o vaqueiro gay Jack Twist de "Brokeback Mountain, para o papel do homem-morcego. Mas isso seria dar muita pinta. Consolo: a atriz Maggie Gyllenhaal, irmã de Jake, faz a mocinha Rachel, em uma atuação bem melhor que a de Katie Holmes, mulher de Tom Cruise, em "Batman Begins".
"Why so serious?" (por que você está tão sério?), repetida pelo Coringa como a pergunta perversa de seu pai antes de mutilá-lo, já é uma das frases do ano e estampa produtos, como camisetas e pôsteres. O Coringa abalou Gotham City em chamas e criou um motivo para sair de casa e ir ao cinema. As bilheterias agradecem. Heath Ledger está morto".

lusco-fusco

A Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional está promovendo, de 7 de julho a 22 de agosto de 2008, no Rio de Janeiro, a exposição "Obras Raras e Homoerotismo - tesouros bibliográficos sobre o prazer entre iguais", da Coleção “Inferno”, que integra o acervo da FBN. Para saber um pouco mais, clique aqui. Um a zero para o prazer e a liberdade. Ontem assisti Batman, o cavaleiro das trevas. O filme é interessante, o Coringa genialmente queer, mas o que me chamou a atenção mesmo foi uma vinheta publicitária destinada a potenciais empresas anunciantes nas telas do cinema. Era simples como fogo: "No escuro, todos os sentidos ficam mais aguçados". Na imagem, Safo e Alceu.

Coringa

Batman - Cavaleiro das trevas estréia no Brasil amanhã. Depois do cowboy atormentado pela homofobia internalizada, em Brokeback Mountain, Heath Ledger fez do Coringa um impressionante queer-vilão. E, por nossa senhora do ballet moderno, nem de longe pensar que queer é sinônimo de gay...

para @s que ainda não se protegem

Em buda a peste

Já caminhei por essas ruas, praças, pontes, parques... em dias ensolarados, tranquilos e bonitos do verão de 2007. Budapeste é maravilhosa. Mas na parada LGBT ocorrida outro dia, havia muito mais peste que buda. Sinceramente, eu me esforço, mas não consigo entender.

Ser-Tão

A página do Ser-Tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade, da Universidade Federal de Goiás, está cada vez mais interessante. A imagem acima é o novo topo da página, criado pela agência de publicidade experimental da UFG, Inova. Quem quiser saber mais sobre o Núcleo, basta clicar aqui.

sobre proibições e silêncios

A Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados rejeitou o projeto de lei que previa a descriminalização do aborto no Brasil. Na foto, as mulheres amordaçadas protestavam na sessão da CD onde foi tomada a decisão. Vale lembrar que 90% dos parlamentares são homens. Eles fazem as leis... É assustador pensar nestes números também em relação às instâncias superiores do Poder Judiciário e da hierarquia das igrejas. Eles são igualmente atores-chaves neste debate.

Lembranças de jovenzinho

Quando tinha uns quinze anos, lá pelo início dos anos oitenta, entrei num grupo de teatro no colégio que estudava em Brasília. À época, adorávamos Simone, que já era uma estrela. Um ano mais adiantada que eu no segundo grau, uma das integrantes do grupo era Zélia. Hoje, lendo uma fofoca de jornal de que ela e Simone estariam mais próximas que nunca, não resisti à curiosidade e recorri ao youtube. O som e a imagem do vídeo aqui postado não tem qualidade, mas o registro é prova do maravilhosamente inesperado do mundo. Naqueles anos de escola, Zélia já cantava Simone e nos encantava, embora a distância que as separasse, em muitos sentidos, fosse maior que o tamanho da Via Láctea

Quando adolescente, minha Califórnia era a Suécia

Saiu na folha de hoje: "Farmácias estatais da Suécia começam a vender pênis de plástico". A matéria completa está disponível aqui. Vale a pena ler...

Café com Idéias

Ontem foi o lançamento do livro Diversidade e equidade no SUS - parceria universidade e educação popular, resultante do projeto Café com idéias. Quem tiver curiosidade, há uma versão digital. Em parceria com Fernanda Calderaro e Beth Fernandes, escrevemos "Cidadania TTLBG e o direito à saúde no Brasil", que é um dos sete artigos da coletânea.

novas famílias

Deu na Folha de São Paulo de hoje.
"Pai adotivo consegue na Justiça "licença-maternidade"
O TRT de Campinas concedeu três meses de licença remunerada ao servidor Gilberto Semensato (foto), 42, que adotou sua filha aos quatro meses de idade. A decisão abre precedente para outros casos de pais solteiros.
A reportagem completa está disponível aqui.
Brisas de transformação no ar...

sobre essa tal liberdade

A foto é da capa do livro, mas o que eu vi foi o filme: O Escafandro e a Borboleta, que está passando no cine Bouganville, aqui em Goiânia. Fazia tempo que não tinha uma empatia tão grande com uma história. Literalmente sorri, chorei, olhei o mundo pelos olhos do personagem, mergulhei em mim mesmo, bati asas de borboleta, senti o peso do escafandro. Voltei para casa grávido de afetos e sensações.

Somewhere over the raimbow

Para lembrar que ontem foi 28 de junho e pacificar o coração (nestes dias atordoantes de final de semestre que insiste em não acabar e, pior, que vai continuar assim nas férias...), adorei encontrar este vídeo com a Judy Garlandy. Sempre ouvi dizer que, desde Dorothy (a mocinha do Mágico de Oz que busca seu espaço no mundo e ser aceita como é...), ela é um ícone fundamental das bibas mundo afora. Mais interessante ainda: um dos estopins de Stonewall (mito de origem das celebrações do orgulho LGTTB em 28 de junho) foi não só a decisão de resistir às sistemáticas invasões policiais ao bar, mas também a tristeza e a revolta pela morte da diva, por overdose, no dia 22 de junho. Hoje é a parada LGTTB de Brasília. Milhares de nós estaremos lá!

I kissed a girl

Segundo dizem, este é um dos sucessos do verão estadunidense. No refrão a querida canta deliciada: "Eu beijei uma garota e gostei / O gosto de seu brilho de cereja / Eu beijei uma garota só para experimentar / Eu espero que meu namorado não vá se importar". Tenho dúvidas se ela voltará a beijar rapazes...

Para quem estiver em Lisboa no dia 28

naftalina

Na foto, o geneticista comportamental Andrea Ciani navega em rio numa floresta de Bornéu, onde estudou grupos de macaco

A entrevita abaixo foi publicada na FSP de hoje. Depois do cérebro, agora, e outra vez, é a hora da teoria da evolução natural. Todo esse debate para mim cheira a naftalina. Mas esta entrevista é preciosa, por trazer explicitamente o reconhecimento de que nem os biólogos pretendem ter o monopólio das explicações causais da homossexualidade. Por outro lado, nela o próprio autor da pesquisa, um especialista em macacos, reconhece que periódicos importantes e renomados têm se recusado a publicar resultados de pesquisa como a sua. E ainda há muito mais...
São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008
ENTREVISTA / ANDREA CAMPERIO CIANI
O homossexualismo não vai contra a natureza
Geneticista diz que os genes que tornam homens mais propensos a se tornarem gays são transmitidos por suas mães
SE O HOMOSSEXUALISMO não estimula a reprodução, como ele pode sobreviver à seleção natural? A resposta para essa charada, um quebra-cabeça secular da biologia, está ganhando agora uma resposta coerente, que sobreviveu ao primeiro teste de lógica. Defendida pelo biólogo Andrea Ciani, a nova teoria indica que o homossexualismo masculino tem um componente genético herdado por parte de mãe, e os genes por trás dele são os mesmos que, em mulheres, estimulam a fertilidade.
O geneticista comportamental Andrea Ciani navega em rio numa floresta de Bornéu, onde estudou grupos de macaco
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ciani, geneticista da Universidade de Pádua (Itália), apresentou as bases da teoria na terça-feira -cifrada em um estudo cheio de fórmulas matemáticas- na revista "PLoS One".
Com longa experiência em estudos com macacos, o cientista tem se dedicado nos últimos anos a um outro tipo de primata: o Homo sapiens. O que ele aprendeu com seu trabalho? "O homossexualismo não é contra a natureza."
Em entrevista à Folha, Ciani abre mão da estatística e traduz o significado de sua teoria.
FOLHA - O que diz seu estudo?
ANDREA CAMPERIO CIANI - Eu publiquei uma pesquisa em 2004 em que mostrei que homossexualismo em homens está conectado com um aumento na fertilidade das mães e avós da linhagem materna desse indivíduos. O que fiz agora nesse estudo para a "PLoS" foi desenvolver isso. Nós já sabíamos o que estava ocorrendo, mas não entendíamos a dinâmica, não tínhamos o modelo correto.
FOLHA - Como vocês criaram o modelo correto?
CIANI - Nós procuramos modelos genéticos que já existiam [para explicar outras características] e seguimos quatro pré-requisitos empíricos. O primeiro é que o homossexualismo está presente em todas as populações humanas. O segundo, que não há nenhuma população em que a maioria das pessoas sejam homossexuais. O terceiro é aquele que tiramos de dados empíricos: que o homossexualismo tende a seguir em famílias pela linha materna. Isso significa que se você é homossexual, há uma probabilidade maior de o seu tio materno sê-lo. O quarto, que achamos em 2004, é que mães e tias da linha materna de homossexuais costumam ter proles maiores.
Na literatura científica há muitos modelos para difusão genética de características. Há modelos que testam a difusão com um único "locus" [gene], outros com mais genes. Quando começamos a testar os modelos com dois genes, todos falharam, exceto um, que é esse modelo da "seleção sexualmente antagonística", baseado em dois genes em dois diferentes cromossomos. Um tem que ser no cromossomo X -que os homens recebem apenas de suas mães-, e o outro pode ser nos cromossomos não sexuais. Só esse modelo explicou todos os pré-requisitos que encontramos empiricamente.
Foi uma coisa inesperada. É a primeira vez que um modelo de seleção sexualmente antagonística funciona para uma característica humana. O modelo mostra características peculiares, que dão uma vantagem reprodutiva para um sexo, e dão desvantagem para outro.
O normal é imaginar que um determinado gene dá vantagem para todas as pessoas que o carregam. Mas genes como esses ligados à homossexualidade humana dão vantagem quando estão em mulheres, porque as fazem produzir mais prole, mas ao mesmo tempo criam desvantagem reprodutiva em homens, com a possibilidade de se tornarem homossexuais.
FOLHA - Isso não pode ser causado por um fator social ou psicológico?
CIANI - Nós estudamos apenas os componentes genéticos, mas não estou dizendo que o homossexualismo é determinado pelos genes. Ele é apenas influenciado. Há outros componentes, biológicos, psicossociais, experiência de vida...
FOLHA - Mas como ocorre essa influência? Como é a fisiologia?
CIANI - Eu fiz uma pesquisa sobre isso. É muito difícil, porque tive que estudar mães e tias. Na Itália não é difícil entrevistar homossexuais. Você os encontra em bares gays ou discotecas, e eles costumam estar dispostos a falar. Mas quando você pede para contatar suas mães e parentes, a coisa fica delicada.
Talvez esses genes dêem a elas uma fertilidade maior, porque favorecem uma taxa menor de abortos naturais. Ou, de outra forma, poderia lhes dar uma personalidade mais extrovertida, que facilitasse entrar em relações. Nós achamos uma evidencia tênue de que essas mães e tias têm menos problemas com reprodução e parto, em geral. Já em personalidade, não achamos nada. Mas ficamos surpresos com outra coisa: mães e tias desses homossexuais, durante suas histórias de vida, se sentiram mais atraídas por homens do que as mães e tias de heterossexuais. Então, estamos procurando fatores genéticos que, de alguma maneira, influenciem a androfilia, a atração por homens. Isso significa que, se você for mulher, você se sente mais atraída por homens e, se você for homem, se tornará ligeiramente mais atraído por homens e pode acabar se tornando homossexual.
FOLHA - Mas como isso ocorre na célula? Vocês apontam para algum gene específico, algum hormônio?
CIANI - Eu estudo genética do comportamento. Então, quando eu sei algo, sei que existem genes de como esse traço se comporta. Uma vez que você descobre como o caractere controla o traço, não importa saber exatamente onde ele está. Algumas pessoas que tentam descobrir isso têm razões com as quais eu não concordo. Caçadores de genes às vezes querem vender uma patente envolvendo a localização do gene para fazer negócio. Poderiam, aí, sugerir algo que possa evitar que seu filho se torne gay ou sua filha lésbica. Não concordo com isso. Estou interessado na natureza humana, não em "vender" um filho "melhorado" para quem quer que seja.
FOLHA - Mas seu trabalho pode ajudar os caçadores de genes.
CIANI - Sim, mas agora eles teriam uma restrição maior. Isso não é uma doença, é um traço que confere vantagem reprodutiva a um dos sexos e desvantagem a outro. Se alguém interferir aí, pode mudar a orientação de um filho, mas também pode influenciar de maneira ruim a sua filha. Se há um gene ali e não é o gene de uma doença, significa que existe uma razão para ele estar lá.
FOLHA - Gays se sentirão melhor ao saber que a natureza, não só a criação, influencia suas opções?
CIANI - A comunidade gay sempre fica muito infeliz quando pessoas falam sobre esse assunto e os jornalistas começam a usar manchetes como "Descoberto o gene gay". Isso é besteira. Nós, geneticistas comportamentais, sabemos há muito tempo que o debate de natureza contra criação é fútil. Todos os genes têm de se expressar em um ambiente. O ambiente influencia a expressão do gene, assim como o gene influencia o ambiente onde ele se expressa. Vou dar um exemplo. Todos nós temos genes que favorecem o roubo, porque se não tivermos o comportamento do roubo, não sobreviveremos em uma emergência onde ele pode ser necessário. Isso não significa que sejamos forçados a sermos ladrões.
Há genes influenciando algumas pessoas, tornando mais fácil para elas optar pela homossexualidade. Ser ou não ser homossexual, porém, é resultado de história de vida, além de genes. O que queremos saber é por que os genes que influenciam a homossexualidade existem. Um gene que reduz a taxa de reprodução das pessoas deveria desaparecer. Esse é o dilema darwiniano da homossexualidade. A posição da Igreja tem sido por muito tempo a de dizer que o homossexualismo seria um vício, um pecado contra a natureza. Com o nosso estudo, podemos dizer claramente que o homossexualismo não vai contra a natureza. Ele faz parte da natureza, e é demonstrado precisamente pela seleção sexual darwiniana.
FOLHA - O sr. também está estudando as lésbicas?
CIANI - Sim. Eu comecei a coletar muitos dados sobre lésbicas dois anos atrás, mas nosso modelo não funciona com lesbianismo. Esse é um fenômeno diferente, com uma dinâmica diferente e uma origem diferente.
FOLHA - O sr. tem dificuldade para publicar seus estudos?
CIANI - Muitos estudos são rejeitados em algumas revistas científicas. Uma hora antes de você me telefonar, um jornalista da revista "Science" me telefonou, porque estava fazendo uma matéria para o "público geral". Foi estranho, porque eu tinha submetido meu estudo para a "Science", antes da "PLoS", e eles rejeitaram dizendo que não era "de interesse geral". Não mandaram nem para os revisores.

Aos melhores

"O Diário Oficial da União publicou no dia 16 de maio, (seção 3, páginas 10 a 12), o Edital nº 10 - Concurso Público Prêmio Cultural GLBT 2008 para premiar iniciativas exemplares de natureza cultural de afirmação de orientação sexual, identidade de gênero e da cultura de paz. O Edital é uma iniciativa da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SID/MinC) e integra o Programa Brasil sem Homofobia da Secretaria Especial de Direitos Humanos". Aos que possam se interessar, clique aqui.

seleção bolsista estagiário(a) do Ser-Tão

O Ser-Tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade, da Universidade Federal de Goiás, seleciona aluna(o) para vaga de bolsista estagiária(o). As(Os) candidatas(os) devem ser estudantes de graduação da UFG, com interesse em atividades de extensão e pesquisa nas áreas de gênero e sexualidade e possuir conhecimentos básicos de informática.
A bolsa de estágio oferecida é de R$ 350,00 (trezentos e cinqüenta reais), por um período de 6 meses (julho a dezembro de 2008), correspondente a 20 (vinte) horas de trabalho semanais. As(Os) candidatas(os) devem ter disponibilidade para eventuais atividades em finais de semana. Interessadas(os) devem enviar mini-currículo e carta de intenções para sertao.ufg@gmail.com, até o dia 25 de junho de 2008, aos cuidados dos professores Luiz Mello, Rezende Bruno e Suety Libia Alves.
Fonte: Ser-Tão

garot@s, eu vou para a Califórnia, ainda que não queira me casar...

"Eu posso abençoar um carro e já o fiz. Já me pediram para abençoar animais, crianças, casas, pães, suco de uva, mas não posso abençoar um casal gay e lésbico. Isso é irreal para mim." (Reverenda Kimberly A. Willis, da Igreja Metodista Unida de Santa Rosa, Califórnia, EUA, expressando, em matéria publicada na FSP de hoje, sua indignação com a decisão de seus superiores hierárquicos de não a autorizarem a realizar cerimônias religiosas de casamento entre pessoas do mesmo sexo).
Para quem ainda não sabe, nesta semana a Califórnia entrou no mapa dos lugares do mundo onde o direito ao casamento é de todos os casais, independentemente do sexo de seus integrantes. Uma amiga querida, brasileiríssima, estava na porta da Prefeitura de São Francisco quando duas octogenárias (ver foto), juntas há mais de 56 anos, foram as primeiras a se casar, desde que a determinação judicial entrou em vigor na segunda-feira. Pride e alegria. P
Além da Califórnia, mais um país europeu aprovou legislação que autoriza o casamento entre gays e lésbicas, a Noruega, que se juntou a Holanda, Bélgica, Canadá, Espanha e África do Sul. Enquanto isso, aqui na terra brasilis, em pleno período de realização da Conferência Nacional LGTB, o casal de sargentos Laci e Fernando enfrentava seu calvário pessoal por terem se assumido publicamente como homossexuais. Neste momentos, os dois estão na cadeia.

Das margens aos centros

Estão abertas as inscrições para o Seminário Nacional "Das margens aos centros: sexualidades, gêneros e direitos humanos", promovido pelo Ser-Tão. O evento acontecerá de 25 a 27 de setembro de 2008, na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás. Informações e a programação teral do evento estão disponíveis AQUI.
Imperdível!

j u s t i ç a

A matéria abaixo saiu no jornal Correio Brasiliense de hoje, 10.06.08
Vamos ver o que o STF dirá.
Um posicionamento favorável da Suprema Corte do Brasil colocará um ponto final nesta história.
Espero que o bom senso impere.
Por falar nisso, voltei de Brasília ontem e penso o mesmo em relação aos resultados da Conferência LGBT.
Vamos aguardar e ver como o Poder Executivo irá se posicionar a partir de agora.

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UNIÃO HOMOSSEXUAL
AGU dá parecer a favor de direitos iguais
Avaliação se refere a uma ação relativa a servidores públicos do Rio de Janeiro e pode ser estendida a todo o país se Supremo concordar
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A Advocacia-Geral da União (AGU) deu parecer favorável ao reconhecimento civil do casamento entre homossexuais no Rio de Janeiro para a concessão de benefícios previdenciários a servidores públicos. O documento foi entregue na sexta-feira ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto, que relata uma ação proposta pelo governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), para que o casamento entre homossexuais seja considerado união estável. O advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, diz no parecer que o tratamento jurídico dado a casais homossexuais na concessão, por exemplo, de benefícios previdenciários, como pensão pós-morte, deve ser o mesmo dado aos casais heterossexuais. Do contrário, haveria discriminação.
“Considerando, pois, que as relações afetivas, sejam homo ou heterossexuais, são baseadas no mesmo suporte fático, razão não há — sob pena de discriminação — para se atribuir às mesmas tratamento jurídico diferenciado”, declara o advogado. “Pode-se afirmar que o tratamento diferenciado entre as entidades familiares expressamente previstas na Constituição Federal (entre o homem e a mulher) e as uniões homoafetivas não apresenta justificativa plausível, sob a ótica do princípio da igualdade”, acrescenta.
Por isso, no entendimento da AGU, parceiros de servidores públicos do Rio de Janeiro têm direito a pensão pós-morte, assistência médica, auxílio para a educação dos dependentes e podem tirar licença sem vencimento para acompanhar o companheiro caso seja transferido para outro estado. Além de reconhecer o direito, a AGU sugere ao STF que todas as decisões judiciais no Rio de Janeiro contrárias ao tratamento igualitário na concessão de benefícios sejam anuladas. Apesar de não valer para os demais estados, a decisão do STF criaria jurisprudência para que o mesmo entendimento fosse estendido para todo o país.
Apesar de defender o reconhecimento jurídico da união entre homossexuais, Toffoli suscitou uma questão preliminar que, a depender dos ministros do Supremo, pode anular a ação antes mesmo de o mérito ser julgado. O advogado afirma que uma lei aprovada no ano passado pela Assembléia Legislativa do Rio garantiu aos casais homossexuais os mesmos direitos previdenciários previstos para os casais heterossexuais. Por isso, não haveria razão para que a ação proposta por Cabral fosse julgada.

A Conferência LGBT começa hoje

Saiu na Folha de São Paulo de hoje, 05.06.08.
O autor, Paulo Vannuchi, é o secretário da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), que tem estatuto de ministério e é vinculada diretamente à Presidência da República. Por falar nisso, a previsão é de que Lula esteja hoje na abertura da Conferência. Estou contente de poder presenciar este marco na luta LGBTT no Brasil.
Direitos humanos e diversidade sexual
PAULO VANNUCHI
A Conferência Nacional de GLBT é um marco histórico.
É a primeira do gênero no mundo organizada por iniciativa governamental
HOJE, O Brasil dá um novo passo na consolidação da democracia e dos direitos humanos no país. A Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, que acontece hoje, em Brasília, é um marco histórico. Convocada por meio de decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinado no dia 28/11/07, é a primeira do gênero no mundo organizada por iniciativa governamental.
O país -que já promove em São Paulo a maior de todas as paradas do orgulho GLBT, com participação estimada de 3 milhões de pessoas em 2007 e 2008- coloca-se na vanguarda da discussão do combate ao preconceito e à discriminação sexual.
A exemplo das demais conferências promovidas pelo governo federal com movimentos da juventude, de mulheres, ambientalistas ou profissionais da saúde, o objetivo da Conferência Nacional de GLBT é estabelecer um pacto democrático para a definição de políticas públicas voltadas à população GLBT.
Por um lado, contribui com a mobilização de um setor social freqüentemente ignorado pelas autoridades. De outro, permite a participação desse setor na formulação de políticas encaminhadas pelo governo federal.
Elas estarão consolidadas no Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
Dessa forma, o governo do presidente Lula reafirma seu compromisso de tratar a questão dos direitos humanos como política de Estado. Se o movimento GLBT avançou muito nos últimos anos, não se pode negar que a sociedade brasileira é ainda tisnada pela violência e pelo desrespeito aos direitos humanos por motivo de orientação sexual ou identidade de gênero.
Estudos feitos pelo Grupo Gay da Bahia, com base no noticiário da imprensa, afirmam que, entre 1980 e 2006, 2.745 brasileiros da comunidade GLBT foram assassinados no país -dos quais 67% gays, 30% travestis e transexuais e 3% lésbicas. São números aquém da realidade, já que se baseiam exclusivamente no registro jornalístico. Estima-se que, a cada três dias, um cidadão GLBT seja assassinado no Brasil.
Um Estado democrático de Direito não pode aceitar práticas sociais e institucionais que criminalizem, estigmatizem ou marginalizem cidadãos por motivos de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.
Observada a idade adulta e o consenso, não há fundamento legal que coíba as práticas relativas ao livre exercício da sexualidade. Qualquer restrição nesse sentido fere o direito de ir e vir, a liberdade de expressão e de associação, a autonomia e a dignidade dessas pessoas e compromete seu acesso à saúde, ao trabalho, à educação, ao emprego e ao lazer.
Ainda que a Constituição de 1988 tenha consagrado os princípios da dignidade da pessoa humana, da não-discriminação e da igualdade, até hoje nenhuma lei infraconstitucional voltada para a promoção da cidadania de GLBT foi aprovada no Congresso -como a existente contra o preconceito racial, por exemplo. O projeto de lei 1.151/95, que disciplina a união civil entre pessoas do mesmo sexo, de autoria da ex-deputada federal Marta Suplicy, tramita há 13 anos na Casa.
Tal lacuna no nosso ordenamento legal abre espaço para a aplicação de normas provavelmente inconstitucionais, como o artigo 235 do Código Penal Militar, que ainda trata como crime a prática sexual entre militares.
A Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República coordena, desde 2004, ainda na gestão Nilmário Miranda, o Programa Brasil Sem Homofobia, com políticas voltadas para o fortalecimento de ONGs e instituições públicas de cidadania GLBT.
Entre suas ações está a criação de 44 centros de referência em direitos humanos na prevenção e no combate à homofobia, envolvendo nove núcleos de pesquisa sobre a população GLBT em universidades federais e 28 projetos de capacitação. Os centros dão assistência psicológica, social e jurídica às vítimas de discriminação, exclusão ou violência homofóbica.
A conferência de hoje terá a participação de 600 delegados escolhidos nas conferências estaduais e municipais, ocorridas em todas as unidades da Federação, das quais participaram cerca de 10 mil pessoas. Tendo por tema "Direitos Humanos e Políticas Públicas: O Caminho para Garantir a Cidadania de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais", vai propor as diretrizes e definir a estratégia de ação do movimento, em articulação com o poder público.
A diversidade sexual é um direito vinculado à autonomia e à liberdade de expressão, valores de nossa Constituição. Garanti-la é avançar na construção de uma sociedade mais justa, tolerante e solidária.



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PAULO VANNUCHI, 58, é ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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Uma versão queer de La vie en rose

Kd Lang e Tony Bennett estão encantadores...

Para quem não viu o beijo da novela

Eles são sargentos do exército brasileiro, formam um casal há mais de 10 anos e estão na capa da revista Época desta semana. Vida longa ao amor, à ousadia e ao prazer...

Somos todas clandestinas

Recebi a mensagem abaixo. Essa história é realmente insólita.
"O promotor de justiça Paulo César dos Passos, de Campo Grande, abriu processo contra 9.896 mulheres por serem suspeitas de realizar aborto em clínica clandestina. Infelizmente, o estado do Mato Grosso do Sul já tem histórico na violação dos direitos da mulher, quando em 2007 entendia a Lei Maria da Penha como inconstitucional apesar de ter sido aprovada pelo Governo Federal Brasileiro.
A população carcerária brasileira é de aproximadamente 25.000 mulheres, sendo que nenhuma foi presa por ter feito um aborto.
Ajude-nos a espalhar essa campanha de solidariedade para que a discussão seja pública, uma vez que a grande imprensa não contempla todas as vozes e despolitiza a discussão.
Pelo direito ao corpo!
Já é hora de podermos escolher!
Leia artigo da ministra Nilcéa Freire: http://atuadoras.wordpress.com/2008/04/28/eu-aborto-tu-abortas-somos-todas-clandestinas/
ATUADORAS"

na Paulista

Este é meu amigo Enilson, abalando as estruturas da Paulista. Pride ande Power.

Ellen é nossa mãe

Ellen DeGeneres entrevistou em seu programa desta semana John McCain, candidato republicano à presidência dos EUA. Neste trecho, o assunto é o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os argumentos da apresentadora, tida como a "pessoa lgttb" mais influente dos EUA, são simples e contundentes. McCain, ao final, sorri e diz com humildade: Touché! (Você venceu...). Oxalá ele atenda ao pedido de Ellen ao final da entrevista e a conduza ao altar no dia do casamento com sua namorada... Se não em todos os EUA, pelo menos na Califórnia isso em breve será possível.

Aos que não vão marchar em SPaulo...

Do celular à camisinha...

O vídeo do telefone celular está divulgado no mixbrasil. O da camisinha encontrei ao acaso. Duas ótimas surpresas.

Ela vem chegando...

25 de maio, domingo próximo, será a Parada do Orgulho LGTTB de São Paulo. O cartaz não é lá essas coisas, a música tema tem gosto duvidoso, mas não resta dúvida de que se trata da maior manifestação cidadã das lutas por direitos sexuais no Brasil e no mundo. Quando era muito mais jovem, sempre sonhei em participar de uma grande parada LGTTB. Para viver isso, pensava que seria necessário ir a São Francisco, Nova York, Paris ou Berlin. Mas desde que fui duas ou três vezes à manifestação de SPaulo, tive a nítida sensação de que este desejo já estava realizado. E melhor: sem nem preceisar sair do Brasil. Aos que forem para São Paulo esta semana, beleza, alegria e leveza!

quem casa nem sempre quer casa

Os efeitos simbólicos e os impactos na vida real são indescritíveis: a Suprema Corte do Estado da Califórnia, o mais populoso dos EUA, decretou ontem que proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo é insconstitucional. Isso foi o que também aconteceu poucos anos atrás em Massachusetts, primeiro e único estado dos EUA que até hoje assegurava o direito ao casamento a pessoas gays e lésbicas. Por mais que o casamento possa ser visto como uma instituição conservadora e alienante, tod@s precisam ter o direito de decidir se querem ou não viver dentro dela. Liberdade é isso: os direitos existem e eu decido se quero exercê-los ou não.

novos caminhos

"Na minha próxima vida, quero vivê-la ao contrário. Você começa morto e se livra logo disso. Depois, você acorda em um asilo, sentindo-se melhor a cada dia. É expulso por estar muito saudável, pega o dinheiro da sua aposentadoria e, depois, quando começa a trabalhar, ganha um relógio de ouro e uma festa legal no seu primeiro dia. Trabalha por 40 anos até que esteja jovem o bastante para aproveitar sua aposentadoria. Você vai a festas, bebe álcool, torna-se promíscuo, depois está pronto para o ensino médio. Depois, você vai para o primário, torna-se uma criança, brinca. Não tem responsabilidades, torna-se um bebê até que nasça. E depois passa os seus últimos nove meses flutuando em condições semelhantes a um spa com aquecimento central e serviço de quarto por um cano, com mais espaço a cada dia e Voilá! Você termina como um orgasmo! Caso encerrado." Woody Allen

Arquivo X, dois

Durante anos, assisti aos episódios de Arquivo X. Bons tempos! Não vejo a hora de ver o segundo "episódio" do filme.

esteticagay

A dica é do dosmannzas e a animação é de David Cantero. O desenho, não há dúvidas, é para adultos. Não deixem de ver a bandeirinha do Brasil...

dose dupla no cinema

Final de semana passado assisti a dois filmes: "O homem de ferro" e "Speed racer". Puras ficções revisitadas para crianças e adultos saudosos. Speeed racer é especialmente impagável, pelos efeitos especiais maravilhosos e uma capacidade fantástica de colocar humanos em cenários de desenhos animados. Só o som era alto demais, e dava a medida exata de que os tempos não são mais de infância.

Feliz dia das mães

Congresso da ABEH 2008

O IV Congresso da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH) acontecerá de 10 a 12 de setembro de 2008, na Universidade de São Paulo. De novidade, será antecedido, no dia 9, do I Encontro Hispano-Brasileiro de Homossexuais. As informações estão disponíveis no site do evento. Até lá!

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Ontem Keith Haring faria 50 anos, se a aids não o houvesse matado em 1990. Saúde aos sobreviventes. Louvores aos que se foram. A dica do vídeo é do dosmanzanas.

Para dormir bem

Este cartaz está nas estações de metrô em Paris, como parte de uma campanha publicitária de colchões. Apesar de sua inocência e leveza, está sendo atacado por conservadores, sob o argumento de que a imagem pode chocar, especialmente as crianças que andam de metrô. Estou aqui a me perguntar: até quando casais de pessoas do mesmo sexo continuarão a ser objeto da ira social )) = interrogação. Afinal, o que há de chocante na imagem de dois homens dormindo abraçados )) = outra interrogação. Isso tudo dá uma canseira...

voluntariado no Ser-Tão

O Ser-Tão - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade convida interessadas(os) a participarem da organização do Seminário Nacional Das Margens aos Centros: Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos, a ser realizado de 25 a 27 de setembro de 2008 na Universidade Federal de Goiás. O Seminário, coordenado pelos professores Luiz Mello (Departamento de Ciências Sociais da UFG) e Rosana Horio Monteiro (Faculdade de Artes Visuais da UFG), contribuirá para a reflexão científica e o debate público sobre homossexualidades e direitos humanos de pessoas LGTTB no Brasil, proporcionando espaço de interlocução entre pesquisadores, parlamentares, gestores públicos, representantes do Poder Judiciário, ativistas sociais, estudantes e demais interessados, de maneira a subsidiar a elaboração de políticas públicas que promovam a equidade de gênero e o respeito à diversidade sexual. As reuniões da comissão organizadora do evento ocorrem às sextas-feiras, entre 16 e 18h, na sede do Ser-Tão, no Museu Antropológico da UFG, situado à Praça Universitária, Goiânia. O trabalho voluntário na construção do Seminário será atestado através de certificados emitidos pela UFG. Mais informações: sertao.ufg@gmail.com

bolsista Ser-Tão

O Ser-Tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade, da Universidade Federal de Goiás, seleciona aluno(a) para vaga de bolsista estagiário(a). Os(As) candidatos(as) devem ser estudantes de graduação da UFG, com interesse em atividades de extensão e pesquisa nas áreas de gênero e sexualidade, além de possuir conhecimentos básicos de informática. A bolsa de estágio oferecida é de R$ 350,00 (trezentos e cinqüenta reais), por um período de 8 meses (maio a dezembro de 2008), correspondente a 20 (vinte) horas de trabalho semanais. Os(As) candidatos(as) devem ter disponibilidade para eventuais atividades em finais de semana. Interessados(as) devem enviar mini-currículo e carta de intenções para sertao@gmail.com, até o dia 5 de maio de 2008, aos cuidados dos professores Luiz Mello, Rezende Bruno e Suety Libia Alves.

amores viris

Zumanity - Cirque du Soleil

Descoberto o gene da cristandade

Para rir com prazer, uma ótima paródia! Segundo o blog do Pedro Dória, "Um grupo de cientistas gays descobriu o gene da cristandade. A descoberta traz a esperança de cura para cristãos em todo o mundo. Através de terapia genética, já conseguiram curar um rato cristão. (Os procedimentos ainda não foram testados em humanos.) Alguns cristãos ainda rejeitam a idéia – insistem na idéia de que a fé é uma escolha pessoal. Mas outros, discretamente, já começam a buscar algum tipo de terapia, estimulados por pais e amigos".

do créu ao céu

Como disse um aluno, "Ressignificar é tudo". De templos pagãos a igrejas, do créu ao céu.Tudo em "cinco velocidades"...

Família Feliz

Família Feliz é uma dica de uma amiga querida. São dois pais, duas mães e três filhos. O resto é por conta dos autores e de sua imaginação!

para além das estrelas

O Signo da Cidade é deliciosamente despretensioso. Finalmente vi hoje. Além de uma Bruna Lombardi linda e com mão firme no roteiro, o filme tem vários momentos tocantes e enternecedores. A cena da despedida entre filha e pai que está morrendo é de literalnmente arrancar lágrimas. Em todas as cidades, por mais que Calvino não saiba, vivem almas inquietas.

h o m e n s

Assisti outro dia a "Eu sou é homem", de Márcia Cabral, um curta-documentário (quase 30 minutos) sobre a vida de quatro homens transexuais brasileiros. O filme é muito interessante, mas um tanto inquietante, não pela transexualidade em si, mas pela masculinidade hegemônica predominante. Agora recebi de um amigo espanhol a divulgação do lançamento de "Masculinidad femenina", livro que trata da masculinidade num mundo sem homens. Mas o que seriam mesmo homens )) = interrogação

porque hoje é segunda

Beleza, leveza e alegria. Paratod@s, sempre.

Nebacetim é tudo!

para o dia morrer feliz

Hoje foi um dia especialmente bom. Tomei café da manhã na rua, caminhei num parque que não conhecia, começei a ler um livro de cartas da Clarice Lispector para suas irmãs e ainda assisti ao tocante filme argentino XXY, que conta a história de uma pessoa intersexual. Que outros dias tão deliciosos como o de hoje se repitam sempre. Mais gostoso que um dia que morre feliz só o nascer de outro, também cheio de felicidade. Efêmera, fugidia, intangível, mas vitalizadora, envolvente e sedutora.

no Ser-Tão da minha terra

A página do Ser-Tão está no ar: www.sertao.ufg.br. Por enquanto, não está um rio de janeiro, mas acho que aos poucos promete ficar cada vez melhor. Vida longa a tod@s nós...